sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Filhos

Se partisses hoje
ou daqui cem anos
seria cedo.
Seria pouco.
Seria nada.
Seria a morte.
Se eu ficasse
seria um engano.
Não importa quando.

Se você partisse
perderia-se o encanto.
Nem todo o pranto
apagaria a dor.
Haveria sim
o aceitar
o conformar-se.
Seria um vazio eterno.
Sem jamais o esquecer.

Caminhamos lado a lado
para o mesmo fim.
Mas,devo confessar-lhe:
sou extremamente egoista.
Sim, eu sou!
Pois, que eu vá, então,
primeiro.
E que sejas tú
a lamentar.

Etelvina de Oliveira

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Simplesmente Amor

Amor de mãe
Amor de filho
Amor de irmão
Amor de amigo
Amor de bicho
Amor de homem
Amor solidário

Mas, sempre amor.

Amantes que abraçam
Amantes que beijam
Amantes que ligam
Amantes que escrevem
Amantes que compõem
Amantes que choram
Amantes que riem.

Mas, sempre amantes.

Amores que se entregam
Amores que partem
Amores que ferem
Amores que perdoam
Amores que renegam
Amores que matam
Amores humanos.

Mas, sempre amores.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sobrevivi ao bullying.

Desde que o jornalista e apresentador do programa Altas Horas, da Rede Globo, Serginho Groisman passou a promover discussões sobre o “Bullying”, o tema ganhou espaço na mídia e no dia a dia de todos nós.

Finalmente, a violência física e psicológica praticada por uma pessoa ou um grupo com a intenção de intimidar ou agredir um indivíduo ganhou um nome: Bullying. E ele pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interajam, tais como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho.

Antes deste nome, essa prática de humilhar, excluir, discriminar, dar apelidos ofensivos e espalhar mentiras - que acontecia muito em escolas e que, atualmente, também migrou para o campo virtual - era só inaceitável. Hoje é crime.

Na Legislação, os atos de bullying configuram atos ilícitos, não porque não estão autorizados pelo nosso ordenamento jurídico, mas por desrespeitarem princípios constitucionais (ex: dignidade da pessoa humana) e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. A responsabilidade pela prática de atos de bullying pode se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram nesse contexto.

Mas o que mudou nesta história?

Tudo!

Isto me fez lembrar o versículo 32 do capítulo 5 do livro de João “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Claro que não no contexto espiritual a que se refere, mas fazendo um paralelo de sua profundidade colocada na nossa vida.

A partir do momento que passamos a falar abertamente sobre o bullying muitas pessoas se libertaram da prisão que ele causa. Sou um exemplo disso.

Não sei você, mas, eu nem sabia que era crime, aliás, nem comentava sobre isso. Depois que o assunto veio à tona pude identificar que sofri meu primeiro bullying entre os 6 e 7 anos de idade.

Na época, minha mãe estava grávida do meu irmão caçula e teve várias complicações por causa da pressão. Isso há 42 anos atrás. Morávamos em Santo André, ao lado da casa de uma enfermeira, amiga da minha mãe. Só me lembro do quintal dela, com muitas árvores e um banheiro - ou privada como era conhecido -, feito de madeira, com brechas entre as tábuas e um buraco no chão por onde se via a fossa lá embaixo.

Durante os nove meses de gravidez da minha mãe eu passava eternidades dentro daquele banheiro sendo ameaçada pelas crianças da vizinha de ser jogada naquela fossa. Era um circulo vicioso porque eu tinha medo de contar, e se não contava tinha que acompanhar minha mãe. Dei graças a Deus quando o menino nasceu. E passei o resto da vida com medo de altura, de buracos, de lugares fechados, de aglomerações.

Apenas uma vez, antes desta, falei sobre o ocorrido. Foi para meu marido, quando eu já tinha mais de 30 anos, e em segredo. Aquela imagem estava escondida em algum lugar da minha memória.

Na escola sofri outro tipo de bullying que também marcou minha personalidade: o medo de se destacar/chamar a atenção.

Na minha sala havia um grupo de repetentes, mais velhos e maiores que os demais, que controlova toda a classe. Quem fizesse perguntas na sala de aula ou demonstrasse mais conhecimento que eles apanhava na saída. Todo dia tinha briga em frente ao portão de saída da escola, sem que nenhum adulto fizesse nada.

Nenhum aluno contava das ameaças ou agressões que sofria nos banheiros e no pátio, muito menos eu. Uma vez tive que fingir estar doente para ser levada pra casa para não apanhar por ter tirado um 10 na prova. Por um bom tempo tive que mudar meu trajeto a caminho de casa e acabei diminuindo meu desempenho escolar para sair da linha de ataque. Durante muitos anos me escondi para não aparecer.

Parece estranho, mas bastava ser notada/elogiada para desistir, seja lá do que fosse. Falar em público? Ser lida? Céus!

Com o tempo, desaprendi a falar e a escrever. Até que uma amiga - pscicóloga, é claro -, me incentivou a fazer um blog. Ela disse: "Escreva boba, ninguém vai te ver atrás da tela. Escreva pra você e por você."

E, vejam só, tem dado resultado, pois já estou publicando no Recanto. Inacreditável!

Se eu fosse dar um nome para o bullying seria Chantagem. Apesar de não envolver dinheiro, ele sequestra sua vida. Você se torna refém de si mesmo. Se culpa por sentir medo, por não ter coragem de enfrentar. Acha que silenciar e se anular é uma defesa, mas se vê como covarde. Vive uma tortura externa e interna.

Poder contar é uma libertação. Esse é o grande ganho dessa nova geração. Agora é só mudar a rota do destino.
Tipos de bullying

Os bullies usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Abaixo, alguns exemplos das técnicas de bullying:
• Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada.
• Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
• Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os
• Espalhar rumores negativos sobre a vítima.
• Depreciar a vítima sem qualquer motivo.
• Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando a vítima para seguir as ordens.
• Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully.
• Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência.
• Isolamento social da vítima.
• Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento, de publicação de fotos etc).
• Chantagem.
• Expressões ameaçadoras.
• Grafitagem depreciativa.
• Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com frequência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita").
• Fazer que a vitima passe vergonha na frente de varias pessoas
texto: Etelvina

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Você sabe com quem está falando?


Quem?
Como assim?
Com certeza, em algum momento da sua vida está pergunta bateu-lhe com força nos tímpanos fazendo seu cérebro esquentar e sua mente e corpo reagir: “Você sabe com quem está falando?”.

Algumas hipóteses para tê-la ouvido:
- após um acidente, enquanto verificavam se estavas vivo;
- no retorno de uma anestesia cirúrgica;
- depois de um choque emocional;
- para os mais sensíveis, depois de fazer exame de sangue:
- quando atendeu o telefone às 3h da manhã e era trote;
- sempre que responde/discorda da opinião de sua mãe;
- quando chega bebado em casa e não lembra nem do seu nome.

Ou, simplesmente, quando falou com alguém que se acha o “rei” ou “rainha” da cocada, seja ela da cor que preferir.

Se você não estiver vivendo “Um dia de Fúria”, como o relatado no filme de mesmo nome, e nem for uma mulher com TPM, com certeza essa frase não te pertence.

Mas, são comuns os relatos de pessoas agredidas de alguma forma por alguém que pronuncia esta frase para se impor pela força do cargo ou da classe social ou financeira que ocupam.

Nem precisa ser o “próprio importante”, basta ser filho ou parente do dito cujo, para se achar intocável.

Se vivêssemos nos tempos em que o “bigode” valia mais que uma assinatura, tudo bem. Mas, como temos visto nos noticiários, nem a VIDA vale mais nada o que dirá o bigode ou o que sai da boca de um cidadão. E dependendo do cargo deste cidadão, se for político, piorou.

Nem importa que seja verdade ou não.

Por exemplo, dias atrás assisti no programa “Mais Você” a apresentadora Ana Maria Braga ler o relatório do Oficial de Justiça encarregado de vistoriar a casa do pai da menina Joana, suspeito de causar a morte da filha.

Como esse relatório chegou à “boca do povo” não sei, mas a dita frase está lá. Registrada e sacramentada como mencionada por um dos papas da justiça brasileira.

Soube hoje, por um fato que a mesma apresentadora deixou escapar, que, graças a divulgação daquele relatório onde consta a dita pergunta: Você sabe com quem está falando?, o oficial de justiça já está no “olho da rua”. Mais um desempregado no país.

E pior, nem sei, de quem estão falando de verdade, tamanho o embrulhou que se formou. Só revelaram as superficialidades dos fatos que quebram galhos e abrem portas, nem sempre honrosas.

Mas vou parar por aqui, afinal, tal qual o oficial que, mesmo sem nunca ter aparecido na telinha, acabou sendo o único culpado, melhor aguardar os próximos capítulos.

E quanto a você: trate de comentar logo depois de ler!

Ou vai me dizer QUE NÃO SABE DE QUEM É O TEXTO QUE ESTA LENDO?


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Novos tempos

Os braços afroxaram
As mãos cederam
A boca muda e murcha
serenou.

Há paz.

Recomeçar.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Parabéns para nós.

Dia 29 de setembro foi seu aniversário. Com certeza mesmo, só seus pais se emocionaram de verdade. Eu esqueci. Lembrei depois.

Acho que preferi deixar passar em branco.
Aliás, percebo que tenho feito isso com tudo que diz respeito a ti. Como se tivesse trancado um segredo a sete chaves.
Me dei conta disso hoje.

Logo que acordei sua imagem me veio á mente. Pela segunda vez, depois que você se foi, senti vontade de recordar e escrever algo sobre nós. Esta, na verdade, é uma carta para mim e não para você. Depois escreverei um poema no outro blog.

Está sendo bom colocar pra fora o que adormece em mim desde sempre. Na pior das hipóteses, se ninguém ler esta missiva, pelo menos eu terei deixado aqui tudo de nós dois.

Para muitos pode parecer estranho, mas não te amo mais.

Não da forma que amei; que achava que era o ideal e certo; da maneira que aprendi que era amar.

Não há mais posse, ciúmes, inseguranças, medos.

Você se acomodou em mim. Faz parte das minhas entranhas, dos nossos frutos. Quando seu filho sorri, fala, ou caminha pela casa, há você nele. Mesmo que nenhum dos dois fale ou se lembre de você. Eu sei que há.

Demorei, mas compreendi que não existem comparações ou infidelidades quando quem se ama faz parte de si mesmo. É assim com nós dois. Estamos sincronizados.
Será essa a palavra?

Mas não foi sempre assim. Levou anos para eu pensar desta forma.

Primeiro foi duro aceitar que você me deixou. Depois, senti muita raiva.
Mas muita raiva mesmo. Raiva de ficar sozinha. Raiva da vida. Raiva dos filhos que planejamos para criarmos juntos. Raiva da morte que não me levava.

Acho que quando sofremos sempre renegamos o que sentimos e queremos achar um culpado. Nem que o nosso culpado seja totalmente inocente.

Só sei que não sabia o que fazer da vida estando sozinha. Principalmente, depois de ter achado que a vida se resumia em nós dois.

Nos apaixonamos e decidimos dividir nossas vidas um com o outro. Casar e ter filhos foi uma conseqüência natural.

Quando penso nisso me vem a na mente as aves que preparam o ninho para acolher seus ovos. Mentalizo uma estrada que leva a uma praia tranqüila com ondas quentes e calmas. Se sabe que pode ventar e esfriar. O mar pode ficar bravio mas o calor da mão que segura a nossa nos aquece.

Sei lá. Eu tinha certeza que seriamos EU e Você pra sempre.
E você foi embora.

Putz!

Tive que ruminar esse Adeus por anos. Houve época que arrastava sua presença como se fossem bolas de ferro presas aos meus pés. Outras vezes, você era uma cruz nas minhas costas que me prendia a saudade.

Nem sei quando sobrevivi a você. Não tenho esse marco limítrofe bem claro.

Acho que foi o famoso tempo.
Esse tempo que tanto se fala.

Sei que tudo serenou em mim.

Nossa, mais um aniversário!
Como teria sido?
Será que isso importa?

Talvez eu te esqueça de vez. Quem sabe um dia eu releia tudo isso aqui no blog e até ria.

Só sei que estamos bem.

As crianças cresceram e eu envelheci por fora.
Não curto mais as mesmas coisas que curtíamos juntos.
Não choro mais com raiva de você nem de mim.
Não brigo mais com a emoção.

Pouco tempo atrás, me apaixonei, fiz castelos de areia e desamei.

Uma coisa é certa: a vida segue em frente e Deus nos abençoou com a capacidade de amar.

Amor se aprende a cada dia.

Então, no final das contas, PARABÉNS pra mim, parabéns pra nós.



para Silas, em memória
29/09/63 a 11/01/94

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Enigma

Que o amor à forma fecunda os momentos,
A promessa enfeita, rejeita o céu amoroso.
Nesse vago passado e presente vira templo,
Ao coração a vida cinde o ar seco e poroso...

Nada se explica aos versos polidos no vazio,
Soltos, suspensos em réstia de tempestades
Naquelas enormes nuvens sob um céu frio
Congelando nossa essência na intensidade...

Cortando a razão a volúpia se esvai pelo viés,
Por ti, os versos se perdoam, beijam o chão
Dos teus pés e louvam... Tu que és e não és
Enigma galopando tédio, paraíso e solidão...

Ai Deus! Se assim é, nos céus da Bahia
Do amor no teu seio eu clamo aos santos,
Acendo uma vela candeiando toda trilha
Aos defuntos desejos dos entre tantos...

No delírio, beber o mel no azul da tua boca
E por entre trovões e punhais das antíteses
Ser a cobiça dos teus lábios na agonia louca
Do fazer de contas viajando na maionese...

Na tua penteadeira,
Espelhos temporais,
E flores debruadas
Em jarros chineses
Do Paraguai!
Na tua cama,
Nenhum eco
Dos uis e aís...



Texto: do nosso saudoso amigo Nhca

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Reverso do Amor

Tento entender o teu silêncio.
Indiferença?
Desencanto?
Outros horizontes?

Já não há mais pranto.
Não te farei de Santo!
Nem mártir!
Nem Réu!

Vejo à minha volta
Nossas fantasias largadas pelos cantos.
Outra DIVA no papel principal
rouba meu encanto?

Tento imaginar outros roteiros.
Mas, ainda ouço os violinos
Devo aceitar este destino?
Que à você coube o apagar da luz
e a mim .... o sair de cena.


Releitura de texto
Publicado no Recanto das Letras em 26/09/08
Código do texto: T1197189
<>

Meu amor

Meu coração fechou-se em concha

Para guardar tua imagem na janela.................. agora vazia

Para reter o doce das palavras ditas................ agora vazias

Para preservar os momentos........................... agora vazios

Para acreditar no sonho................................. agora vazio

Para que não vazes de mim gota a gota


Etelvina de Oliveira
Publicado no Recanto das Letras em 05/11/08

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Estupro.


Mulheres,
Tranquem-se em casa
Prendam suas filhas
Há monstros soltos na estrada!

Pobre de ti.
Rasgaram tuas vestes
Invadiram teu templo
Lutaste.

Feriram-te quase a morte
Mas Deus te deu o escape
E ele de consolará
Até um dia, quem sabe,
Esqueceres

Pai,
tendes misericórdia
De todas nós
E estenda sua mão de justiça
Sobre os maus.


P.S.: Na madrugada do último sábado, 04/09, uma funcionária do meu condomínio foi barbaramente violentada à caminho do serviço. Por que madrugada? Ela mora em Guaianases, zona leste da cidade de São Paulo e precisa sair às 4h da manhã para entrar às 7h no emprego. Está é a realidade de quem trabalha e depende de transporte público no país. Aqui não cabe um nome, eu a tenho como amiga. Era ela quem me sorria todas as manhãs no controle da segurança dos portões. Não sei se conseguirá voltar. Nem quando. Pois o terror faz parte dos seus dias. E dos nossos?
Pense nisso na hora de votar: PRECISAMOS DE SEGURANÇA E CONDIÇÕES DE VIVER E TRABALHAR EM PAZ.




quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quem gosta

Quem gosta
Não exclui
Não isola
Não ignora
Fica

Quem gosta
Acolhe
Compartilha
Divide
Reconquista

Quem gosta
enfrenta o medo
Insiste
Arrisca
Vence

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Tempo de amar

O amor é Cura.
É ardor escondido
É tempo,sem tempo.

O amor é procura.
É coração destravado.
No tempo vencido.

O amor é brincar
com tuas palavras.
Ao longo do tempo.

Não temas, venha!
Me enlace,me tenhas!
É tempo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Razões

Ainda não sei por que partiste.
Então, por que voltaste?
Com este mesmo jeito maroto de ser.
Este mesmo sorriso encantador.
Por quê?

Quando te vi
meu coração se aqueceu.
Como um filhote
acuado no ninho
a espera do alimento.

Por que vens,
se teus olhos revelam
que não has de ficar?
Não ves que
os fatos não mudam a emoção.
Nem o saber, ou o fingir,
esfriam a paixão?

Ai de mim!
Tua breve presença
me condena
a fome eterna de ti.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Filhos

Se partisses hoje
ou daqui cem anos
seria cedo.
Seria pouco.
Seria nada.
Seria a morte.
Se eu ficasse
seria um engano.
Não importa quando.

Se você partisse
perderia-se o encanto.
Nem todo o pranto
apagaria a dor.
Haveria sim
o aceitar
o conformar-se.
Seria um vazio eterno.
Sem jamais o esquecer.

Caminhamos lado a lado
para o mesmo fim.
Mas,devo confessar-lhe:
sou extremamente egoista.
Sim, eu sou!
Pois, que eu vá, então,
primeiro.
E que sejas tú
a lamentar.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Passado.

O tempo ameniza
a dor
a saudade
os desabores
as lembranças
o próprio tempo.
Quando lançamos
mão do tempo
e olhamos o horizonte
tudo fica menor
e ameno.
O tempo
é passado.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O quê era?

Não sei se era vidro
e se quebrou.
Não sei se era de plástico
e furou.
Não sei de era de ar
e murchou.
Talvez,
quem sabe,
era só reflexo no espelho.
Ou tenha vazado
por um furo imperceptivel.
Sei que não explodiu.
Implodiu?
Quem sabe?
Desencantou.
Isso é fato!

Paciência.

É tempo de acomodação.
Analisar os fatos.
Absolver cada emoção.
Abreviar os passos
É tempo de aparar as arestas.
Reequilibrar-se.
Reedificar os sonhos.
Recomeçar....

terça-feira, 27 de julho de 2010

Breu

O desencanto
é tanto
e tamanho
que navego
em noite escura.
Sem rumo.
Sem prumo,
Sem velas.
Por ora
não há
horizonte.
Apenas
deixo
que a bússola
do meu ser
conduza
meu barco.

domingo, 25 de julho de 2010

Vem aqui?

Oi.
Como vai?
Estou com saudades.
Puxa, acordei com vontade de lhe escrever.
Sinto muita saudade de te ver aqui. Já disse isso, né?
Não ligue. Ando assim, saudosa.
As vezes passo dias sem vir aqui, sem vontade de nada.
Mas quando recebo um recado seu, me animo. Ligo a net, abro o blog.
Leio.
Aí sinto sua presença. Seu carinho.
Fico feliz por você ter perdido um tempinho para ler e comentar.
Por você compartilhar dos textos que eu gosto. Das besteiras que escrevo.
Seus comentários são sempre atenciosos e gentis.
Te agradeço.
Não só por sua delicadeza no trato, mas por entender meu momento.
Se estou feliz, triste, zangada, magoada, enfim..... as palavras me mostram.
Mais até do que me vejo.
Quando escrevo as emoções comandam os dedos,
que nervosos agridem as teclas.
Você sente?
Hoje acordei assim.... nem sei como.
Queria lhe enviar uma missiva, isto mesmo, uma longa carta.
Pensei em falar dos meus dias, dos meus medos, dos meus sonhos, meus planos, desamores, sei lá.
Não tenho seu endereço real.
Então vasculhei no seu blog na esperança que você sentisse minha presença e me seguisse.
Boba, né?
Eu sei. Sou assim.
Grudenta. Carente. Ciumenta. Etc, etc...
Mas adoro sua presença e sua amizade.
E nem pense que não te conheço. Conheço sim.
Duvidas?
Aposto que estás com um sorriso no rosto neste instante.
Seu coração está aquecido.
Acertei?
Você está se sentindo pertinho de mim.
Pois é, nos conhecemos sim.
Posso te pedir uma coisa?
Me escreva.
Bastantão, sempre.

TE GOSTO MUITO.
MAIS DO QUE IMAGINAS.

beijão

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vi você.

Hoje te vi sorrindo.
O mesmo riso, o mesmo jeito.
Como se nada houvera.
Deste lado da janela
contemplei o mar de gelo.
Caminhei pelo deserto.
Ouvi o pio da cotovia.
Eu te via.
Alheio, falavas de suas dores.
Sem questionar sobre meus dias.
E eu só queria
ver no seu olhar
a minha imagem refletida.
Ah, que bom! Sim.... sim!
Completamente!
Estou feliz com sua alegria.
Mas, será que me vias?

sábado, 17 de julho de 2010

Desisti.

No papel, tudo é tão mais simples.
Assim como no final.
Quando damos a guerra por perdida.
Quando baixamos as armas,
e rendidos, nos entregamos.
Resta olhar pra frente e seguir.
Podemos filosofar.
Tecer teorias.
Criar argumentos.
Mas, no fim das contas,
é só o fim e um duro recomeço.
Rebusquei no passado.
Reli e-mails, torpedos,
recados.
Enfim, lembranças.
Tenho que admitir: não sei lutar.
Em meio as emoções, eu erro.
Não sou guerreira.
Nem estrategista.
Sou, sim, emocional.
Se apaixono,
me entrego por inteiro.
Deixo que invandam o coração.
E vou entregando todo território.
Me vejo vencida.
De corpo e alma.
E o que faço?
Sapateio como criança
que se sente dona do brinquedo alheio.
Não sei dividir.
Não sei emprestar.
Não sei possuir.
No final, sim, porque o fim chega,
a alma está sedenta de remissão.
O corpo está saciado eternamente.
E o coração, exaurido, deixa de querer.
Não há, no campo derrotado,
lugar para sonhos.
Fincamos os pés na realidade.
Os olhos passam a desconfiar do quê lê.
Do quê vê.
Vamos levando.
Ora fortes, ora decaidos.
Parece que o entorno, e tudo que se ligue
a sentimentos,
fica embrutecido em nós.
Talvez, o vencedor nem saiba nada disso.
Mesmo que ele seja um fingidor.
Que nem tenha amado tanto assim.
Na guerra, há como sair ileso?
Não vou negar que no fundo,
muitas vezes,
deseje fincar em ti
a bandeira da minha dor.
Para que a próxima a chegar
me veja.
Mas, quando interrogado
o que dirias?
Foi um território banido?
Um deserto desconhecido?
Uma terra de ninguém?
Não!
Que não haja flâmulas.
Nem dramas.
Sejamos fortalecidos por nós mesmos.
Pelas lutas. Pelas perdas.
Quiçá acordemos amanhã
desejosos de amar de novo.
Quem sabe!

Bom dia!
*

domingo, 11 de julho de 2010

Anjo

De tudo que foi semeado
no início,
por descuido e
desatenção,
depois de tudo
colhi
desencanto.

Sempre vou te amar.

Não dá para dizer que não deu certo.
Deu certo!
Durou pouco.
Menos do quê desejávamos.
Não foi pra sempre.
Mas, foi ótimo.
Talvez,
agora busquemos
mil motivos e razões
pra infelicidade.
Só acabou.
Fim.
Ponto final.
Os contos de fada terminam.
As brincadeiras também.
Projetos são refeitos.
Monumentos caem ao chão.
Por quê historias de amor não?
Eu prefiro dizer que é um tempo.
Um período de descanso.
Amor não acaba.
Ele recomeça em outra esfera.
Claro, para quem se dispoe
a tocar a bola.
Nem que seja só como amigos.
Alguns preferem acorrentar o coração.
Mas o coração não pára de bater por isso.
Só quando morre.
E mesmo assim é o último a entregar as armas.
A desistir.
E nesse caso já não importa a causa morte.
Se estás vivo não minta.
Não crie estórias.
Não negue o vivido.
Resista. Sorria.
Amar é uma aliança de almas.
Não tem fim.
*

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Invictus

(Título Original: "Invictus")
Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini


Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.


Texto: Copyright © André C S Masini, 2000
Todos os direitos reservados. Tradução publicada originalmente
no livro "Pequena Coletânea de Poesias de Língua Inglesa"

site:http://www.casadacultura.org/Literatura/

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Oposto de Amor.

Certa vez
ouvi dizer
que ÓDIO não é
o oposto de AMOR.
Pois para odiar
é preciso
lembrar,
desejar,
pensar
no outro.
O oposto de AMOR
é IGNORAR.
Fingir
que não existe.
Apagar da mente.
Excluir.
Renegar
a amizade.
E, pior,
pra quem vê
ainda se passa
como BOM.
Sensível.
Humano.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Senti saudade

Teu gosto
encheu minha boca
Senti
teu cheiro
Vasculhei
o passado
Reconstrui
cada detalhe
Reli
seus e-mails
Ai, ai.
Abracei
as lembranças.

28/06/2010

sábado, 15 de maio de 2010

SAUDADES DO SIBARITA




AZUL
Olho o mar,
ora anil, ora azul, mil ondas...
Espumas e conchas se tocam
se encontram, convergem.
Parecem violetas brancas
em fundos azuis!
Da cor do olhar,
imagens perfeitas
reluzindo do céu...
Um louco indo e vindo,
movimentos e paisagens
harmonia e caminhos...

Assumo-me em azul
cor e brilho
luas e estrelas!

Perco-me nos búzios
desnudo de corpo inteiro.
Azul, textura de mistérios,
aurora e crepúsculo, delírios...

Não importa o sentido da razão.
Meu ouro, eu te ligo a mim, te ligo ao mar
te ligo as galáxias e te ligo a vida.

Respiro o azul celeste
e exalo a energia do equilíbrio,
definitivamente estou em ti!

(Mar azul, azul céu,
tempo de infinito...)

O Sibarita

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Ai do Amor.

Não trancarei as janelas
do coração.
Apenas decerrarei as cortinas
Em sinal de luto
Pelo derradeiro encanto
Ai de nós!

Não calarei o pranto
Não negarei a dor
Apenas derramarei meu pranto
Ai de mim!

Sim, chorarei
Até arrancar você de mim.
Aos poucos, mas sem piedade.
Ai de ti!

Mas não se engane:
Hei de alçar novo vôo
Pois meu nome é amor
E meu sobrenome é felicidade
Ai de nós!


Etel

sábado, 24 de abril de 2010

Eu, eu mesma e as plantas.


Um amigo acabou de me dizer que ia cuidar de suas plantas.
Interessante!
Isso me fez pensar no assunto.
Adoro flores e, em especial, as rosas.
Antes de optar, definitivamente, por morar em apartamento improvisei um jardim na casa onde morávamos. Plantei varios tipos e cores de flores miudinhas (não sei o nome de nenhuma) e uma muda de roseira que, até então, só tinha visto na casa de uma prima no Paraná.
Ela era cheinha de rosinhas grudadinhas uma nas outras em forma de pencas. Lindas!
Empolgada, comprei vários enfeites de jardim: sapinhos, passarinhos e pedras coloridas. Não satisfeita coloquei pregos e vasos na parede, uns três apoios para uma planta bonitinha que soltava galhos enormes que subiam pela garagem.
Durante um bom tempo aquela troca de carinho passou a ser meu prazer. Eu as agüava ao cair da noite e ficava observando as gotas escorrerem pelas folhas e pétalas que exalavam perfume fresco.
Humm! Quando fecho os olhos ainda sinto o cheiro da terra molhada.
Não me lembro exatamente quando, só sei que um belo dia nos apaixonamos pelos olhos carentes de uma beegle que passou a fazer parte das nossas vidas.
Na época, estava passando uma novela cuja personagem principal era uma tal de Pandora. Pronto, minha filha deu-lhe esse nome.
Quem gosta de cães sabe que não é dificil se encantar com um filhote, principalmente, por uma beegle tricolor.
Mal sabia o que me reservava o futuro.
Alguns meses depois a Pandora descobriu que o meu jardim era o melhor lugar do mundo para fazer xixi e enterrar de um tudo, como chinelos, brinquedos, ossos, panos, etc.
Lá se foram as rosas, florezinhas, plantas, terra, enfeites, cano da água, pintura da parede......
Em pouco tempo aquele espaço se tornou uma referência de um pós guerra.
Mas não pense que foi assim "uma guerra", começou com uma desobediência, um ato de rebeldia, uma coisinha boba e a coisa foi criando corpo.
Sabe aqueles sinais que insistimos em não ver, só porque gostamos? Aquela coisa de fazer de conta que não vê?
Ela me olhava com aqueles olhinhos de vítima, dava uma lambida, e pronto. E fui deixando prá lá. Quando finalmente me dei conta "as flores já eram mortas".
Hoje moro em um "apertamento" de dois micro quartos, micro sala e micro corredor para fogão e geladeira.
Apesar de não mais dispor de um jardim, como não poderia deixar de ser, tenho micro vasos com micro rosas espalhadas pela casa.
Confesso que ainda estou me adptando a essa realidade.
Algumas vezes quase as afogo com abundância de água que ensopa a mesa e molha o chão. Outras vezes esqueço totalmente das "bichinhas" que ficam gritando de sede.
Posso dizer que minhas plantas são sobreviventes. Aliás, somos.
Não há como fugir. Somos responsáveis por cada vida que nos cerca e isso implica em não perder os limites ou o controle da situção.
Por isso, quando fico tentada a comprar mais e mais flores, aquele som doce de reprovação soa nos meus ouvidos: - Mãe, a senhora vai levar mais uma pra morrer em casa?
Desapontada, desisto!

um beijo
Etel
01/05/08

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem Ama Inventa - Mario Quintana

Quem ama inventa as coisas a que ama…
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava…

E era um revôo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições…

Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho…

Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado… e ter vivido o sonho!
*
*

quarta-feira, 10 de março de 2010

Fresta

Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado
Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.


Fernando Pessoa

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Série: Grandes amigos (Everson Russo)


Castelos de Areia

Vi os seus olhos procurarem o amor,
Vou com eles seja onde for,

Por praias desertas,

Planetas distantes,

Encontro um caminho,

Pro nosso instante,

Pois com você em qualquer lugar,

Aqui na terra,

Ou perdido no mar,

Tudo é perfeito,

Não tem barreiras

Em qualquer país

Rompendo fronteiras

Tudo é possível eu posso sonhar,

Com um céu azul,

E uma onda quebrando no mar,

Ondas gigantes castelos de areia,

Cavalos marinhos e você, minha sereia.



By Everson Russo

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Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98


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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Série: Grandes amigos (Alvaro Oliveira)


Parti!...
Para lá do mar,
Levado em sonho
De amor e saudade.
Na alma,
Levei uma esperança
E a doce lembrança
De te encontrar.
Parti!...
Nas asas do pensamento,
Mais veloz
Do que o vento,
Na ânsia
De te alcançar.
Passei dias
Ao sol e ao vento,
Passei noites,
Olhando o céu,
Dormindo ao luar,
Sob chuva de estrelas.
Despertei
Nas madrugadas
Frias e vazias
Pensando em ti.
Aportei no cais
Do teu coração,
No calor
Dos teus braços
Aliviei meus cansaços.
Na luz do teu olhar,
Na beleza do teu rosto,
No beijo da tua boca,
Saciei minha sede
De anseio e desejo!
***
**
*

2010/01/15

Homenagem ao amigo e poeta Alvaro Oliveira
Visitem o bog: http://alvarooliveira-poesia.blogspot.com/

domingo, 24 de janeiro de 2010

Série: Grandes amigos (Avassaladora)

Desamar...!

Quero falar de desamar...
O inverso de amar!!!
Desamar é quanto todo o encanto se esvai...
O jardim do Edém se transforma em planeta terra...
Deuses do Olimpo se tronsformam em pobres mortais...
Vênus e Apolo se transforma em uma mulher e um homem comum...
Sininhos param de tocar...
Borboletas param de fazer cócegas no estômago!
O coração para de vir a garganta toda vez que "ele" se aproxima...
Não importa qual forma de aproximação...
As músicas param de ter sentido...
Antes, cada música tocada, ou ouvida,
era como se tivesse sido feita sob medida...
Poesias eram buscadas e lidas com sofreguidão...
Foram escritas para mim!!!

Desamar...!
Constatar que o ser amado perdeu o brilho...
Perdeu o encanto...
perdeu a graça...
Perdeu o charme...
A lua já não brilha mais como antes...
As estrelas não cintilam...!
O sol...
Existe sol???
As flores perderam o colorido...
A sinfonia dos pássaros ao amanhecer perdeu a beleza...

Desamar...!
Um buraco negro dentro do peito!
Uma lacuna impreenchivel dentro da gente!
Uma sensação de perda indescritível!
Um olhar vago pela janela!
Um olhar pra lugar nenhum!

Desamar...!
As farras perdem a graça...
O vinho perde o sabor...
A cerveja fica ácida...
O whisky fica amargo...
No carteado...não importa se ganha ou se perde...

Desamar...!
Não importa mais o toque do telefone..
Perde-se o interesse pelo computador...
Não se tem vontade de atualizar o orkut...
Não se tem mais pressa de ver os e-mails...
Não se tem urgência de abrir o msn...
Não se tem vontade de acordar de madrugada
para ver se encontra "aquela pessoa"...

Desamar...!
Aquela lingerie sexy fica esquecida ...
Aquela roupa que te deixa linda, não importa mais...
A manicure passa a ser um item supérfluo...
Pintar os cabelos... Para que?
Todo aquele ritual de se preparar pra pessoa amada morre de morte súbita?!
E um descaso geral se podera sem dó...!

Desamar...!
Acabou-se o tesão!!!

Ava

Homenagem a amiga e poetisa Ava
Publicado em 31/12/2008, no blog
http://avassaladora-minhasvidas.blogspot.com

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Série: Grandes amigos (Sibarita)



Melancolia

Flor de primavera por que despetalar por um peregrino,
Será mártir ou heroína do amor venal na grande cidade?
Oh, cobre-te de pudor que o acaso é chumbo derretido
Incinerando o aroma virgem da tua essência, é felicidade?

Dizes tu! Dentre a marcha pelas ruas e casa despudorada
Morreu, ali, a bela flor tão singela no deleite arquitetado?
Atroz destino por entre um banheiro e uma alcova ideada
E, sem lucidez, a vida no gume da espada, oculto e afiado...

O beijo libertino aguçou nos teus lábios o dulçor leviano
E no sal dos dias o que invade sem amor é cruz, é tédio.
Fita o céu ateado na flama vil do ósculo ardente, insano,
Matas-te a sede? Chora! O teu remorso é sem remédio!

O que te faz mulher é vir a ser tudo? É preciso não ser nada?
Quebrado o adormecido cristal, os cacos, não se recompõem
A consciência destilará dor e solidão da alma, agora, penada
Na aflição da perda na horizontal, peso largo e leve supõe...

Os desejos gemeram névoas divagando olhares, cismo!
Já, meu bem, já me parece que a realidade corre por si
Ora vindo, ora afastando do que era céu, hoje, abismo,
Buscai, então, os lenitivos, levanta! Trajei o sol para ti...

Perguntar-te-ei. O caminho das pedras trouxe felicidade?
É, o prateado cinza transladava por avenidas a inocência
Do teu fogo aberto e especifico fugindo da tua realidade
Nos ilusórios carinhos broxados na flor sem resistência...

Tu deixaste a inocência, teu reino, agora, são melancolias
O mundo do acaso é o teu chão, pendulo dos desenganos
De quem vê, ouve na própria reveladora luz dos teus dias,
Ao vento voa veloz o véu na lua emergindo as tuas agonias...

O “eu te amo” que gritavas, ó Deus! Zombastes sem piedade,
Calcinando a paixão. Cruel! Mataste-me com estocada certeira
Teu gritar era de sal com retalhos de açucenas, dura realidade!
Quem do abismo te evocou? Dize-me! Eu te queria por inteira...

É manto ou véu que te abriga, ó casta, serena, hoje, errante?
Sei, há no teu seio a maciez do fel no amargor do meu coração,
Naquele leito partilhado, o obscuro amor, fez da noite amante
O apocalipse de férvidos sonhos e amor na inocente paixão...

Do profundo abismo que tu mesma criaste, eu devolvo
As dores e lágrimas que me cravaste por dias sem fim.
Das luas e dos sóis no teu coração fincados, eu removo
E por secura, solidão, fervor, agonias clamarás em mim!


O Sibarita


Homenagem ao amigo e poeta Siba.
Visitem: http://www.osibarita.blogspot.com/

*
*

domingo, 10 de janeiro de 2010

S.O.S.

Confesso: não sei nadar.
Me contentava em observar a água de longe.
Da borda, via os que se divertiam ou sofriam
Molhava apenas os artelhos.
Insegura. Sonhadora. Deslumbrada.

O encanto do mar me roubou o siso.
Fechei meus os olhos. Sumiu o risco.
Caminhei por entre as pedras.
E me molhei um pouco mais.
Agora era paixão. Desejos.

O mar, todo sedução, me cobriu o corpo.
Enquanto suas ondas ainda beijam a praia.
Apavorei! Gritei até perder a voz.
Se escutastes, com certeza não ouviu.
Agitei as mãos, pedi, insisti, chorei.

Quem sobreviveu, não vê em ti arrependimento.
Nem o som que sai te tí é inocente.
Responda-me: Há, ou houve, em tí amor por quem cativas?
Ou é só prazer de possuir por breve instante
E depois lançar à praia os corações sem vida?

Aquele que nos criou nos observa.
E virá dele as respostas.
Sé há injustiça ou engano.
Ele secará os prantos e acalmará as águas devoradoras.
Mas, por amor, ou por misericórdia, lança-me hoje a bóia que lhe pedi.


10/01/10