domingo, 31 de agosto de 2008

Amor - Álvares de Azevedo

Amemos!
Quero de amor
Viver no teu coração!

Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu'alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!

Quero viver d'esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!

Vem, anjo, minha donzela,
Minha'alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!

E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Despedida - Cecilia Meirelles

Por mim, e por vós, e por mais aquilo
que está onde as outras coisas nunca estão
deixo o mar bravo e o céu tranqüilo:
quero solidão.

Meu caminho é sem marcos nem paisagens.
E como o conheces ?
- me perguntarão.
- Por não Ter palavras, por não ter imagem.

Nenhum inimigo e nenhum irmão.
Que procuras ?
Tudo.
Que desejas ?
Nada.

Viajo sozinha com o meu coração.
Não ando perdida, mas desencontrada.
Levo o meu rumo na minha mão.

A memória voou da minha fronte.
Voou meu amor, minha imaginação ...
Talvez eu morra antes do horizonte.

Memória, amor e o resto onde estarão?
Deixo aqui meu corpo, entre o sol e a terra.
(Beijo-te, corpo meu, todo desilusão !
Estandarte triste de uma estranha guerra ... )

Quero solidão.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Saber Viver

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais pra nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocamos o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.

E isso não é coisa de outro mundo,
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta,
Nem longa demais,
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar


Texto: Cora Coralina

sábado, 23 de agosto de 2008

Vida virtual

Sempre fui fiel a minha linda e maravilhosa máquina de datilografar.
Mas os tempos mudaram.
Há poucos anos atrás – poucos mesmo -, me tornei uma mulher moderna. Antenada com o mundo da informática.
Aprendi ligar o micro sem medo e fuçar em alguns sites sem perder nadinha dos arquivos das crianças.
Como prêmio eles fizeram meu endereço de orkut e MSN com a simples condição de não incluí-los entre meus amigos.
- Mãe, não é por nada não, só não queremos receber aquelas mensagens de “velhos”, tipo poesias enormes, cartões e vídeos bregas.
- Ãhã - aceito como mãe obediente.
Que delicia!
Agora tinha meu horário de total inclusão com o mundo on-line.
Inclui na minha rotina envio de e-mails, postagem de recados no orkut, visitas a blogs de amigos e pesquisas na net.
E não é que nessas minhas andanças descobri as salas de bate papo?
Meus filhos deram boas gargalhadas imaginando como seria o papo de “gente da minha idade” em uma sala. Aliás, eles acham o “fim” nossa geração na Internet.
Eles nem imaginam como os adultos são capazes de remoçar em frente a um computador.
A começar pelos nicks, alguns até com um certo saudosismo adolescente que valorizam algumas partes do corpo ou preferências.
Outros, que exageram ou diminuem dotes físicos e outros tantos que até são engraçadinhos.
A principio o papo não varia muito, mais parece um cadastro do SENSO:
- Qual sua idade?
- Mora onde?
- Casada ou solteira?
- Tem filhos?
- Trabalha?
- O quê faz da vida?
- Como você é?
- Tem cam? MSN?
E a mais bombástica:
- O quê você procura na net?

Nesta parte é preciso parar e refletir.
O lógico seria um bom BATE PAPO - como diz o nome do lugar onde você está -, mas quem sabe: passar o tempo, conhecer pessoas legais e etc.
Enfim, dependendo dessa resposta pode acabar seu papo na hora.
Talvez o segredo esteja nos etc. Quem sabe?
O certo é que tem muita gente legal com tempo livre, ou, simplesmente, que gostam de conversar e dar boas risadas. Têm solitários, doentes em repouso, aposentados, alguns tristes e alguns que entram para falar besteiras mesmo.
Aqui vale o ditado: “cada um dá o que tem de sobra”.
Só na sala de 40 a 50 anos que visitei eu soube de pessoas que são amigas há anos no virtual e muitas até no real.
O mais surpreendente é que já existem casais que se conheceram e vivem “felizes para sempre” a partir desse primeiro contato na net – incluindo o orkut e blogs.
Enfim, estamos vivendo uma nora era de relacionamentos.
Depende da escolha de cada um.



texto: etelvina de oliveira

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Lembranças -

Que eu conheça a tristeza
pois só assim saberei quando
encontrara verdadeira felicidade
Que a mentira seja usada contra mim
para que possa guardar para sempre
o valor da palavra "verdade"
Que eu ouça sua voz ao menos uma
última vezpois ela será como música
companheira de minhas noites em claro,
sofrendo a infelicidade
Que sinta seu cheiro novamente
para me embriagar em lembranças felizes
recordar de quando éramos únicos, singularidade
Que possa tocá-la novamente
sentir sua pele, seu calore mais uma
vez me acalmar com carinho e tranqüilidade
Que possa provar ao menos um último beijo
aquecer meu coração agora solitário
e guardar em minha alma o gosto do amor, pela eternidade

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Criança, era outro...

Criança, era outro...
Naquele em que me tornei
Cresci e esqueci.
Tenho de meu, agora, um silêncio, uma lei.
Ganhei ou perdi ?



texto: Fernando Pessoa

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Chega de Saudade

Vai, minha tristeza, e diz a ele
Que sem ele não pode ser
Diz-lhe, numa prece, que ele regresse
Porque eu não posso mais sofrer

Chega de saudade, a realidade é que sem ele
Não há paz, não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Mas, se ele voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca

Dentro dos meus braços
Os abraços hão de ser milhões de abraços
Apertado assim, colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim

Que é pra acabar com esse negócio de viver longe de mim
Não quero mais esse negócio de você viver assim
Vamos deixar desse negócio de você viver sem mim


texto: Vinícius de Moraes (versão feminina)