quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Vou te amar.


Vou soltar as amarras

Desatar os laços

Cortar a âncora

Sair da margem

Vou arriscar-me no mar aberto do desconhecido

E finalmente

Encontrar teus braços


Etelvina de Oliveira
Publicado no Recanto das Letras em 25/08/08

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Meu amor.


Meu coração fechou-se em concha

Para guardar tua imagem na janela.................. agora vazia

Para reter o doce das palavras ditas................ agora vazias

Para preservar os momentos........................... agora vazios

Para acreditar no sonho................................. agora vazio

Para que não vazes de mim gota a gota


Etelvina de Oliveira
Publicado no Recanto das Letras em 05/11/08

A minha vida é um barco abandonado.

A minha vida é um barco abandonado
Infiel, no ermo porto, ao seu destino.
Por que não ergue ferro e segue o atino
De navegar, casado com o seu fado ?

Ah! falta quem o lance ao mar, e alado
Torne seu vulto em velas; peregrino
Frescor de afastamento, no divino
Amplexo da manhã, puro e salgado.

Morto corpo da ação sem vontade
Que o viva, vulto estéril de viver,
Boiando à tona inútil da saudade.

Os limos esverdeiam tua quilha,
O vento embala-te sem te mover,
E é para além do mar a ansiada Ilha.


Fernando Pessoa

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Saudade


Saudade
É uma dor
Que vem.....
Machuca.
Se acomoda.
E.....
passa.


Etelvina de Oliveira
Publicada no Recanto das Letras

domingo, 13 de setembro de 2009

Segredo.

Esta noite morri muitas vezes, à espera
de um sonho que viesse de repente
e às escuras dançasse com a minha alma
enquanto fosses tu a conduzir
o seu ritmo assombrado nas trevas do corpo,
toda a espiral das horas que se erguessem
no poço dos sentidos.

Quem és tu,
promessa imaginária que me ensina
a decifrar as intenções do vento,
a música da chuva nas janelas
sob o frio de fevereiro?

O amor
ofereceu-me o teu rosto absoluto,
projectou os teus olhos no meu céu
e segreda-me agora uma palavra:
o teu nome - essa última fala da última
estrela quase a morrer
pouco a pouco embebida no meu próprio sangue
e o meu sangue à procura do teu coração.


Fernando Pinto do Amaral


(Lisboa, 12 de Maio de 1960) é um poeta, crítico literário e professor universitário português.

Filho da popular actriz dos anos 40, Maria Eugénia. Frequentou a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, desistindo a meio do curso para optar pelas Letras.

É, desde 1987, professor do Departamento de Literaturas Românicas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Colaborou em revistas como Ler, A Phala, Colóquio/Letras e o jornal Público.

Traduziu As Flores do Mal, de Baudelaire, que lhe valeu o Prémio do Pen Club e o Prémio da Associação Portuguesa de Tradutores, e Poemas Saturnianos de Verlaine. Traduziu ainda toda a poesia do argentino Jorge Luís Borges.

Página web: http://www.criticaliteraria.com/Fernando-Pinto-Amaral

sábado, 12 de setembro de 2009

Castelos de areia.


Num dia qualquer de verão, sem vento, resolvi construir um castelo na praia do meu coração. Sem o velho traquejo, mas com uma colher, um copo de água e um projeto.
Juntei a areia que umedecia aos poucos, gota a gota. Moldei as partes com a colher de sobremesa.
Sem muita firmeza. Mas a cada novo cômodo o sonho se expandia.
Envolvida deixei de observar a tarde que caia.
Não tardou chegou a primeira brisa, trazida não sei de onde: do passado? Do além?
A areia, quase seca, deslizou aqui e ali. Tentei recolocar, mas as partes, ali em pé, não aderiram com a mesma firmeza.
Ficou um castelo meio assim: nem de princesa nem real.
A brisa virou vento que, de tempo em hora, vem causticando o meu projeto.
Hoje já nem sei se é só areia, mas na praia estão a colher e o copo.

Etelvina de Oliveira
foto: www.google.com.br
.
.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Tempo














Há de se conter
o AMOR que escapa
entre os vãos
dos dedos
do tempo.



Etelvina de Oliveira
Publicado no Recanto das Letras em 23/06/09

domingo, 6 de setembro de 2009

Paixão


A PAIXÃO É TERRÍVEL:

coloca cadeado no nosso coração;
rouba o controle remoto das nossas emoções
e assume o controle de nós

FUJA DELA!

OU RENDA-SE.





Etelvina de Oliveira
Publicado no recanto das Letras em 01/09/08

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Beija-me!


Beija-me os lábios.
Na vigília da noite
penso em ti, ouço-te.

Beija-me a face.
Por amor a este amor,
toca-me em sonhos.

Beija-me as mãos.
E negue-me um sorriso
se de ti me esqueci.

Beija-me sem véus.
Sob os murmúrios do amor
tudo se diz no infinito.

Beija-me e te dou uma flor
para ser tua companhia
na solidão das noites frias.

Etelvina de Oliveira
Publicado no Recantos das Letras em 19/12/08