sábado, 24 de abril de 2010

Eu, eu mesma e as plantas.


Um amigo acabou de me dizer que ia cuidar de suas plantas.
Interessante!
Isso me fez pensar no assunto.
Adoro flores e, em especial, as rosas.
Antes de optar, definitivamente, por morar em apartamento improvisei um jardim na casa onde morávamos. Plantei varios tipos e cores de flores miudinhas (não sei o nome de nenhuma) e uma muda de roseira que, até então, só tinha visto na casa de uma prima no Paraná.
Ela era cheinha de rosinhas grudadinhas uma nas outras em forma de pencas. Lindas!
Empolgada, comprei vários enfeites de jardim: sapinhos, passarinhos e pedras coloridas. Não satisfeita coloquei pregos e vasos na parede, uns três apoios para uma planta bonitinha que soltava galhos enormes que subiam pela garagem.
Durante um bom tempo aquela troca de carinho passou a ser meu prazer. Eu as agüava ao cair da noite e ficava observando as gotas escorrerem pelas folhas e pétalas que exalavam perfume fresco.
Humm! Quando fecho os olhos ainda sinto o cheiro da terra molhada.
Não me lembro exatamente quando, só sei que um belo dia nos apaixonamos pelos olhos carentes de uma beegle que passou a fazer parte das nossas vidas.
Na época, estava passando uma novela cuja personagem principal era uma tal de Pandora. Pronto, minha filha deu-lhe esse nome.
Quem gosta de cães sabe que não é dificil se encantar com um filhote, principalmente, por uma beegle tricolor.
Mal sabia o que me reservava o futuro.
Alguns meses depois a Pandora descobriu que o meu jardim era o melhor lugar do mundo para fazer xixi e enterrar de um tudo, como chinelos, brinquedos, ossos, panos, etc.
Lá se foram as rosas, florezinhas, plantas, terra, enfeites, cano da água, pintura da parede......
Em pouco tempo aquele espaço se tornou uma referência de um pós guerra.
Mas não pense que foi assim "uma guerra", começou com uma desobediência, um ato de rebeldia, uma coisinha boba e a coisa foi criando corpo.
Sabe aqueles sinais que insistimos em não ver, só porque gostamos? Aquela coisa de fazer de conta que não vê?
Ela me olhava com aqueles olhinhos de vítima, dava uma lambida, e pronto. E fui deixando prá lá. Quando finalmente me dei conta "as flores já eram mortas".
Hoje moro em um "apertamento" de dois micro quartos, micro sala e micro corredor para fogão e geladeira.
Apesar de não mais dispor de um jardim, como não poderia deixar de ser, tenho micro vasos com micro rosas espalhadas pela casa.
Confesso que ainda estou me adptando a essa realidade.
Algumas vezes quase as afogo com abundância de água que ensopa a mesa e molha o chão. Outras vezes esqueço totalmente das "bichinhas" que ficam gritando de sede.
Posso dizer que minhas plantas são sobreviventes. Aliás, somos.
Não há como fugir. Somos responsáveis por cada vida que nos cerca e isso implica em não perder os limites ou o controle da situção.
Por isso, quando fico tentada a comprar mais e mais flores, aquele som doce de reprovação soa nos meus ouvidos: - Mãe, a senhora vai levar mais uma pra morrer em casa?
Desapontada, desisto!

um beijo
Etel
01/05/08

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem Ama Inventa - Mario Quintana

Quem ama inventa as coisas a que ama…
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava…

E era um revôo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições…

Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho…

Ó! meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado… e ter vivido o sonho!
*
*