terça-feira, 23 de junho de 2009

O Bicho.

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.



O bicho, meu Deus, era um homem.






Texto: Manuel Bandeira, Rio,27 de dezembro de 1947.
Foto: http://www.google.com.br/


Triste é que, até hoje, NADA MUDOU
.


4 comentários:

Paula Barros disse...

São tantos, são tantos...tanto tempo depois. A cada dia aumenta mais.

bjs

Uma aprendiz disse...

Infelizmente, essa é a nossa realidade.

E o que fazemos para acabar com isso?


beijos, Paula

O Sibarita disse...

A mais pura realidade atual, apesar, do poema ser de 1947.

O Manuel Bandeira explendido como sempre...

Se fosse o Sibarita aqui ao ler, diria: "eu já passei por isso!"

bjs
ZéCorró

Uma aprendiz disse...

E eu responderia: eu também.

E tem um milhão gente que ainda passa. Mas o bonde segue em frente.


beijos, Sibarita