domingo, 27 de abril de 2008

Theatro Municipal

A primeira vez que entrei no Theatro Municipal foi a trabalho.
Era funcionária nova no departamento de Assessoria de Imprensa da Secretaria de Cultura, depois de anos na Secretária da Saúde, e deveria acompanhar um concerto da Orquestra Experimental de Repertório em homenagem ao Municipal. O ano era 1998, e o teatro completava 85 anos.
Depois de algumas recomendações, coloquei em uma pasta o texto com toda a história do teatro: sua inauguração no dia 12 de setembro de 1911, com a ópera Hamlet, de Ambrósio Thomas; detalhes de sua construção, a cargo do escritório de Francisco Ramos de Azevedo, que contou com a colaboração dos arquitetos italianos Cláudio Rossi e Domiziano Rossi; descrições dos materiais decorativos que ainda hoje estão presentes em sua arquitetura e muitos dados levantados de sua programação, que ao longo dos anos marcaram a história do Municipal.
Uma coisa eu não deveria esquecer: a Maria Rosa, uma das funcionárias mais antigas do teatro, estava à disposição caso alguém quisesse detalhes sobre fatos interessantes ocorridos no seu interior.
Parecia simples, mas não foi. Que roupa se usa para ir ao Municipal? Segundo Maria Rosa, antigamente era obrigatório o traje a rigor: “Os homens vinham de terno e chapéu e as mulheres de longos. Hoje em dia é só ter bom senso. Bermuda, chinelo e mau gosto, nem pensar”, comenta entre sorrisos.
Optei por um pretinho básico. Cheguei em cima da hora e nervosa.
A casa estava cheia e, logo na entrada, uma surpresa: o Saguão do Theatro Municipal era muito mais bonito do que eu imaginava. Tapetes enormes e verdes (já foram vermelhos) estrategicamente direcionando os passos do público. Em frente à porta, as escadarias de mármore branco, balaustrada de mármore amarelo, vindos da Itália, e nas duas laterais das escadas esculturas com candelabros de bronze, vindos de Paris. Olhando rapidamente, acima da porta de entrada, vi, entre dois painéis de mosaico veneziano (representando as obras musicais “Ouro do Reino” e “Cavalgada das Walkyrias”), uma sacada com portas gigantes que soube mais tarde tratar-se do Salão Nobre, onde acontecem apresentações especiais para no máximo 200 pessoas.
Na sala de espetáculos (platéia) todos os 1.500 lugares, em veludo verde, estavam ocupados. No palco, enorme e também com cortinas verdes, os jovens músicos da experimental de Repertório aguardavam o apagar das últimas luzes e a entrada do maestro Jamil Maluf para iniciarem a apresentação. Aproveitei para observar o teto, não um simples teto mas um verdadeiro quadro, retratando um céu dentro de uma auréola de nuvens e no centro o lustre de cristal com 220 lâmpadas e 7.000 pingentes de cristal (isso soube depois em uma das visitas monitoradas que acontecem no teatro).
Foi meu primeiro concerto de música clássica.
Adorei!

por: Etelvina de Oliveira
em 12/07/2004

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