sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Filhos

Se partisses hoje
ou daqui cem anos
seria cedo.
Seria pouco.
Seria nada.
Seria a morte.
Se eu ficasse
seria um engano.
Não importa quando.

Se você partisse
perderia-se o encanto.
Nem todo o pranto
apagaria a dor.
Haveria sim
o aceitar
o conformar-se.
Seria um vazio eterno.
Sem jamais o esquecer.

Caminhamos lado a lado
para o mesmo fim.
Mas,devo confessar-lhe:
sou extremamente egoista.
Sim, eu sou!
Pois, que eu vá, então,
primeiro.
E que sejas tú
a lamentar.

Etelvina de Oliveira

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Simplesmente Amor

Amor de mãe
Amor de filho
Amor de irmão
Amor de amigo
Amor de bicho
Amor de homem
Amor solidário

Mas, sempre amor.

Amantes que abraçam
Amantes que beijam
Amantes que ligam
Amantes que escrevem
Amantes que compõem
Amantes que choram
Amantes que riem.

Mas, sempre amantes.

Amores que se entregam
Amores que partem
Amores que ferem
Amores que perdoam
Amores que renegam
Amores que matam
Amores humanos.

Mas, sempre amores.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Sobrevivi ao bullying.

Desde que o jornalista e apresentador do programa Altas Horas, da Rede Globo, Serginho Groisman passou a promover discussões sobre o “Bullying”, o tema ganhou espaço na mídia e no dia a dia de todos nós.

Finalmente, a violência física e psicológica praticada por uma pessoa ou um grupo com a intenção de intimidar ou agredir um indivíduo ganhou um nome: Bullying. E ele pode acontecer em qualquer contexto no qual seres humanos interajam, tais como escolas, universidades, famílias, entre vizinhos e em locais de trabalho.

Antes deste nome, essa prática de humilhar, excluir, discriminar, dar apelidos ofensivos e espalhar mentiras - que acontecia muito em escolas e que, atualmente, também migrou para o campo virtual - era só inaceitável. Hoje é crime.

Na Legislação, os atos de bullying configuram atos ilícitos, não porque não estão autorizados pelo nosso ordenamento jurídico, mas por desrespeitarem princípios constitucionais (ex: dignidade da pessoa humana) e o Código Civil, que determina que todo ato ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar. A responsabilidade pela prática de atos de bullying pode se enquadrar também no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram nesse contexto.

Mas o que mudou nesta história?

Tudo!

Isto me fez lembrar o versículo 32 do capítulo 5 do livro de João “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. Claro que não no contexto espiritual a que se refere, mas fazendo um paralelo de sua profundidade colocada na nossa vida.

A partir do momento que passamos a falar abertamente sobre o bullying muitas pessoas se libertaram da prisão que ele causa. Sou um exemplo disso.

Não sei você, mas, eu nem sabia que era crime, aliás, nem comentava sobre isso. Depois que o assunto veio à tona pude identificar que sofri meu primeiro bullying entre os 6 e 7 anos de idade.

Na época, minha mãe estava grávida do meu irmão caçula e teve várias complicações por causa da pressão. Isso há 42 anos atrás. Morávamos em Santo André, ao lado da casa de uma enfermeira, amiga da minha mãe. Só me lembro do quintal dela, com muitas árvores e um banheiro - ou privada como era conhecido -, feito de madeira, com brechas entre as tábuas e um buraco no chão por onde se via a fossa lá embaixo.

Durante os nove meses de gravidez da minha mãe eu passava eternidades dentro daquele banheiro sendo ameaçada pelas crianças da vizinha de ser jogada naquela fossa. Era um circulo vicioso porque eu tinha medo de contar, e se não contava tinha que acompanhar minha mãe. Dei graças a Deus quando o menino nasceu. E passei o resto da vida com medo de altura, de buracos, de lugares fechados, de aglomerações.

Apenas uma vez, antes desta, falei sobre o ocorrido. Foi para meu marido, quando eu já tinha mais de 30 anos, e em segredo. Aquela imagem estava escondida em algum lugar da minha memória.

Na escola sofri outro tipo de bullying que também marcou minha personalidade: o medo de se destacar/chamar a atenção.

Na minha sala havia um grupo de repetentes, mais velhos e maiores que os demais, que controlova toda a classe. Quem fizesse perguntas na sala de aula ou demonstrasse mais conhecimento que eles apanhava na saída. Todo dia tinha briga em frente ao portão de saída da escola, sem que nenhum adulto fizesse nada.

Nenhum aluno contava das ameaças ou agressões que sofria nos banheiros e no pátio, muito menos eu. Uma vez tive que fingir estar doente para ser levada pra casa para não apanhar por ter tirado um 10 na prova. Por um bom tempo tive que mudar meu trajeto a caminho de casa e acabei diminuindo meu desempenho escolar para sair da linha de ataque. Durante muitos anos me escondi para não aparecer.

Parece estranho, mas bastava ser notada/elogiada para desistir, seja lá do que fosse. Falar em público? Ser lida? Céus!

Com o tempo, desaprendi a falar e a escrever. Até que uma amiga - pscicóloga, é claro -, me incentivou a fazer um blog. Ela disse: "Escreva boba, ninguém vai te ver atrás da tela. Escreva pra você e por você."

E, vejam só, tem dado resultado, pois já estou publicando no Recanto. Inacreditável!

Se eu fosse dar um nome para o bullying seria Chantagem. Apesar de não envolver dinheiro, ele sequestra sua vida. Você se torna refém de si mesmo. Se culpa por sentir medo, por não ter coragem de enfrentar. Acha que silenciar e se anular é uma defesa, mas se vê como covarde. Vive uma tortura externa e interna.

Poder contar é uma libertação. Esse é o grande ganho dessa nova geração. Agora é só mudar a rota do destino.
Tipos de bullying

Os bullies usam principalmente uma combinação de intimidação e humilhação para atormentar os outros. Abaixo, alguns exemplos das técnicas de bullying:
• Insultar a vítima; acusar sistematicamente a vítima de não servir para nada.
• Ataques físicos repetidos contra uma pessoa, seja contra o corpo dela ou propriedade.
• Interferir com a propriedade pessoal de uma pessoa, livros ou material escolar, roupas, etc, danificando-os
• Espalhar rumores negativos sobre a vítima.
• Depreciar a vítima sem qualquer motivo.
• Fazer com que a vítima faça o que ela não quer, ameaçando a vítima para seguir as ordens.
• Colocar a vítima em situação problemática com alguém (geralmente, uma autoridade), ou conseguir uma ação disciplinar contra a vítima, por algo que ela não cometeu ou que foi exagerado pelo bully.
• Fazer comentários depreciativos sobre a família de uma pessoa (particularmente a mãe), sobre o local de moradia de alguém, aparência pessoal, orientação sexual, religião, etnia, nível de renda, nacionalidade ou qualquer outra inferioridade depreendida da qual o bully tenha tomado ciência.
• Isolamento social da vítima.
• Usar as tecnologias de informação para praticar o cyberbullying (criar páginas falsas sobre a vítima em sites de relacionamento, de publicação de fotos etc).
• Chantagem.
• Expressões ameaçadoras.
• Grafitagem depreciativa.
• Usar de sarcasmo evidente para se passar por amigo (para alguém de fora) enquanto assegura o controle e a posição em relação à vítima (isto ocorre com frequência logo após o bully avaliar que a pessoa é uma "vítima perfeita").
• Fazer que a vitima passe vergonha na frente de varias pessoas
texto: Etelvina

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Você sabe com quem está falando?


Quem?
Como assim?
Com certeza, em algum momento da sua vida está pergunta bateu-lhe com força nos tímpanos fazendo seu cérebro esquentar e sua mente e corpo reagir: “Você sabe com quem está falando?”.

Algumas hipóteses para tê-la ouvido:
- após um acidente, enquanto verificavam se estavas vivo;
- no retorno de uma anestesia cirúrgica;
- depois de um choque emocional;
- para os mais sensíveis, depois de fazer exame de sangue:
- quando atendeu o telefone às 3h da manhã e era trote;
- sempre que responde/discorda da opinião de sua mãe;
- quando chega bebado em casa e não lembra nem do seu nome.

Ou, simplesmente, quando falou com alguém que se acha o “rei” ou “rainha” da cocada, seja ela da cor que preferir.

Se você não estiver vivendo “Um dia de Fúria”, como o relatado no filme de mesmo nome, e nem for uma mulher com TPM, com certeza essa frase não te pertence.

Mas, são comuns os relatos de pessoas agredidas de alguma forma por alguém que pronuncia esta frase para se impor pela força do cargo ou da classe social ou financeira que ocupam.

Nem precisa ser o “próprio importante”, basta ser filho ou parente do dito cujo, para se achar intocável.

Se vivêssemos nos tempos em que o “bigode” valia mais que uma assinatura, tudo bem. Mas, como temos visto nos noticiários, nem a VIDA vale mais nada o que dirá o bigode ou o que sai da boca de um cidadão. E dependendo do cargo deste cidadão, se for político, piorou.

Nem importa que seja verdade ou não.

Por exemplo, dias atrás assisti no programa “Mais Você” a apresentadora Ana Maria Braga ler o relatório do Oficial de Justiça encarregado de vistoriar a casa do pai da menina Joana, suspeito de causar a morte da filha.

Como esse relatório chegou à “boca do povo” não sei, mas a dita frase está lá. Registrada e sacramentada como mencionada por um dos papas da justiça brasileira.

Soube hoje, por um fato que a mesma apresentadora deixou escapar, que, graças a divulgação daquele relatório onde consta a dita pergunta: Você sabe com quem está falando?, o oficial de justiça já está no “olho da rua”. Mais um desempregado no país.

E pior, nem sei, de quem estão falando de verdade, tamanho o embrulhou que se formou. Só revelaram as superficialidades dos fatos que quebram galhos e abrem portas, nem sempre honrosas.

Mas vou parar por aqui, afinal, tal qual o oficial que, mesmo sem nunca ter aparecido na telinha, acabou sendo o único culpado, melhor aguardar os próximos capítulos.

E quanto a você: trate de comentar logo depois de ler!

Ou vai me dizer QUE NÃO SABE DE QUEM É O TEXTO QUE ESTA LENDO?


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Novos tempos

Os braços afroxaram
As mãos cederam
A boca muda e murcha
serenou.

Há paz.

Recomeçar.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Parabéns para nós.

Dia 29 de setembro foi seu aniversário. Com certeza mesmo, só seus pais se emocionaram de verdade. Eu esqueci. Lembrei depois.

Acho que preferi deixar passar em branco.
Aliás, percebo que tenho feito isso com tudo que diz respeito a ti. Como se tivesse trancado um segredo a sete chaves.
Me dei conta disso hoje.

Logo que acordei sua imagem me veio á mente. Pela segunda vez, depois que você se foi, senti vontade de recordar e escrever algo sobre nós. Esta, na verdade, é uma carta para mim e não para você. Depois escreverei um poema no outro blog.

Está sendo bom colocar pra fora o que adormece em mim desde sempre. Na pior das hipóteses, se ninguém ler esta missiva, pelo menos eu terei deixado aqui tudo de nós dois.

Para muitos pode parecer estranho, mas não te amo mais.

Não da forma que amei; que achava que era o ideal e certo; da maneira que aprendi que era amar.

Não há mais posse, ciúmes, inseguranças, medos.

Você se acomodou em mim. Faz parte das minhas entranhas, dos nossos frutos. Quando seu filho sorri, fala, ou caminha pela casa, há você nele. Mesmo que nenhum dos dois fale ou se lembre de você. Eu sei que há.

Demorei, mas compreendi que não existem comparações ou infidelidades quando quem se ama faz parte de si mesmo. É assim com nós dois. Estamos sincronizados.
Será essa a palavra?

Mas não foi sempre assim. Levou anos para eu pensar desta forma.

Primeiro foi duro aceitar que você me deixou. Depois, senti muita raiva.
Mas muita raiva mesmo. Raiva de ficar sozinha. Raiva da vida. Raiva dos filhos que planejamos para criarmos juntos. Raiva da morte que não me levava.

Acho que quando sofremos sempre renegamos o que sentimos e queremos achar um culpado. Nem que o nosso culpado seja totalmente inocente.

Só sei que não sabia o que fazer da vida estando sozinha. Principalmente, depois de ter achado que a vida se resumia em nós dois.

Nos apaixonamos e decidimos dividir nossas vidas um com o outro. Casar e ter filhos foi uma conseqüência natural.

Quando penso nisso me vem a na mente as aves que preparam o ninho para acolher seus ovos. Mentalizo uma estrada que leva a uma praia tranqüila com ondas quentes e calmas. Se sabe que pode ventar e esfriar. O mar pode ficar bravio mas o calor da mão que segura a nossa nos aquece.

Sei lá. Eu tinha certeza que seriamos EU e Você pra sempre.
E você foi embora.

Putz!

Tive que ruminar esse Adeus por anos. Houve época que arrastava sua presença como se fossem bolas de ferro presas aos meus pés. Outras vezes, você era uma cruz nas minhas costas que me prendia a saudade.

Nem sei quando sobrevivi a você. Não tenho esse marco limítrofe bem claro.

Acho que foi o famoso tempo.
Esse tempo que tanto se fala.

Sei que tudo serenou em mim.

Nossa, mais um aniversário!
Como teria sido?
Será que isso importa?

Talvez eu te esqueça de vez. Quem sabe um dia eu releia tudo isso aqui no blog e até ria.

Só sei que estamos bem.

As crianças cresceram e eu envelheci por fora.
Não curto mais as mesmas coisas que curtíamos juntos.
Não choro mais com raiva de você nem de mim.
Não brigo mais com a emoção.

Pouco tempo atrás, me apaixonei, fiz castelos de areia e desamei.

Uma coisa é certa: a vida segue em frente e Deus nos abençoou com a capacidade de amar.

Amor se aprende a cada dia.

Então, no final das contas, PARABÉNS pra mim, parabéns pra nós.



para Silas, em memória
29/09/63 a 11/01/94